Paris 2024 deixa um legado de sustentabilidade para o futuro

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 terminaram há uma semana e contaram com a presença de 10.500 atletas de 206 países. O Brasil  teve a sua participação como a segunda melhor da história, ficando atrás somente de seu desempenho nas Olimpíadas de Tóquio. Foram 3 medalhas de ouro, 7 de prata e 10 de bronze. 

A participação feminina foi destaque, tanto em número (a delegação brasileira teve mais mulheres do que homens), quanto em desempenho (12 das 20 medalhas foram conquistadas por mulheres).

Os impactos positivos que os Jogos Olímpicos causaram na Cidade Luz não se limitaram somente aos 15 dias oficiais de competições. Tudo foi pensado para tornar essas Olimpíadas as mais sustentáveis possíveis da história dos jogos. Até o tipo de material do pódio das premiações foi escolhido para ser menos agressivo ao meio ambiente. 

Em 2017, quando declarado que Paris sediaria as Olimpíadas neste ano, a organização anunciou que faria um evento bem mais sustentável comparado às suas outras edições. O que significaria garantir uma postura ambiental e social conscientes. Os investimentos não se limitariam apenas ao meio ambiente, mas ao social e à economia, também. 

As Olimpíadas de Paris conseguiram manter o orçamento relativamente baixo, frente às duas últimas versões dos Jogos. De acordo com a S&P Global Ratings, os investimentos não ultrapassaram US$10 bilhões. Esse montante é 26% menor do que os US$13 bilhões que foram gastos na edição do Rio em 2016 e 72% menor do que os US$35 bilhões de Tóquio em 2020, muito embora também tenha passando por transformações em seu cenário urbano. 

A cidade já tinha infraestrutura pronta para receber os jogos. Cerca de 95% dos locais destinados às competições já existiam e somente três ambientes foram construídos: a Vila Olímpica, o Centro Aquático e a Arena de Ginástica, o que mitigou o impacto ambiental do evento.

A mobilidade urbana foi incrementada com 60 quilômetros de ciclovias conectando os lugares olímpicos, e bicicletas compartilháveis, um investimento que custou cerca de 65 milhões de euros. Foi criada, também, uma nova linha no transporte público, para reduzir o tráfego de carros. E os estacionamentos públicos foram substituídos por áreas verdes, medidas que atenuam a emissão de carbono.

Paris 2024 estabeleceu como propósito realizar o evento com metade da emissão de carbono em comparação aos jogos sediados em Londres (2012) e no Rio (2016), como forma de compensar o meio ambiente com iniciativas de reflorestamento, financiando projetos florestais na França e no exterior. 

A organização se preocupou desde as obras até a viagem dos espectadores. Como exemplos, algumas medidas adotadas:

1. Construções de baixo carbono: a utilização desses materiais reduziu em 47% a emissão de carbono das construções convencionais. 

2. Energia limpa: com a instalação de painéis solares e o banimento de geradores à diesel, a energia dos jogos vem do uso de energias renováveis. 

3. Transporte de espectadores: todos os espaços olímpicos são acessados pelo transporte público.

4. Pódios sustentáveis: os palcos das premiações foram feitos a partir de plástico reciclado e da madeira plantada no país

5. Gestão de resíduos: por meio da redução, reuso e reciclagem de materiais, com instalação de sistema de coleta seletiva em todas as estruturas.

6. Limpeza do rio Sena: despoluição do rio onde a natação era proibida há pelo menos um século. 

Os Jogos Olímpicos de Paris, de acordo com estudo divulgado pelo Centro de Direito e Economia do Esporte, devem gerar efeitos na economia francesa a longo prazo, de até U$12 bilhões, enquanto que em que o investimento foi estimado em U$ 9,1 bilhões (o valor total será precisado somente em 2025, com a prestação de contas).

Paris 2024 se mostrou ser uma referência de conscientização ambiental e sustentabilidade. Saber que é possível fazer um evento na grandiosidade de uma Olimpíada e, ao mesmo tempo, focando no meio ambiente, deve gerar mudanças de paradigma de modo que eventos futuros sigam o mesmo exemplo.