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Entre likes, filtros e matches

  • Foto do escritor: Laíssa Esmeraldo
    Laíssa Esmeraldo
  • 9 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Um dia desses, entrei para um aplicativo de relacionamentos. Na verdade não era para ser chamado assim, afinal, ele não garante que você tenha qualquer tipo de relacionamento que seja. Acho que está muito mais para um aplicativo de descobertas momentâneas e de flertes aleatórios. Muitos consideram o login no app uma atitude desesperada de quem está no fundo do poço. Se eu disser que eu também considerava? Hoje, não mais. A vergonha de recorrer aos apps logo dá lugar a sensação de poder. E quem não se sentiria tendo um catálogo de homens os quais você pode facilmente descartá-los deslizando-o para a esquerda, ou aprová-los com um toque no coração (desliza para a direita, se preferir). Claro que, para mim, essa aprovação só aconteceria depois de conferir todas as fotos e analisar minuciosamente a descrição no perfil e, também, se tem conhecidos em comum (afinal, segurança é tudo!). Somente após o like mútuo, o famoso match,  começa o bate-papo, o que evita a fadiga de dar o - desconcertante - fora. O diálogo normalmente começa assim:


"Oi, tudo bom?"

"Oi, tudo sim, e com você?"

"Tudo bem, onde você mora?”

…  …  …  


E, com muita, muita sorte, a conversa evolui e aí começam as interações, principalmente depois de se seguir um ao outro nas redes sociais. O que tem de condenável nisso? Acho uma forma diferente - e única - de conhecer pessoas e de interagir. Aplicativos de relacionamentos (já disse o que acho dessa nomenclatura) dão um empurrãozinho nas costas dos tímidos e na dos que não têm a vida social agitada. Eu me encaixo na segunda opção. Como vou conhecer pessoas, se passo mais tempo escrevendo do que saindo? O meu par perfeito não vai aparecer na minha janela, no 6º andar, pendurado por balões, acenando para mim. Por essas e outras que acho uma forma muito digna e justa de se conhecer alguém. Ora, por que não? Arrasto o dedo aprovando ou reprovando rostinhos (nem sempre) desconhecidos. E, mais, com o passar dos anos, você se torna cada vez mais criterioso e, consequentemente, conhecer alguém com quem esteja disposto a partilhar a vida se torna mais difícil. Cada encontro - ou até antes do encontro - a conversa, facilmente, se transforma em uma entrevista de emprego, na qual você (se) questiona se a pessoa é capaz de lidar com o que é preciso para sobreviver a um relacionamento maduro e saudável. Com o tempo, a vida amorosa vira uma caça ao tesouro, com algumas surpresas e armadilhas. Mas… vai que a gente encontra o ouro no meio desta aventura virtual.


Ps. Cansei do app :)


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