top of page

Dias sem checklists, pode?

  • Foto do escritor: Laíssa Esmeraldo
    Laíssa Esmeraldo
  • 4 de fev.
  • 2 min de leitura

Era 11 de dezembro de 2024 e, diferente de alguns anos, dormi mais do que estava acostumada e acordei sem o som ensurdecedor do despertador que diariamente começa seu show às 5:30, e encerra às 6:45, horário em que, de fato, me levanto. Era o primeiro dia das minhas tão esperadas férias. Depois de alguns anos como concurseira (profissão incompatível com férias), esses dias off foram, sim, muito desejados. Mas a ausência de uma rotina definida e a falta de planos para ocupar cada momento do meu dia me deixaram tão desnorteada que precisei planejar, até mesmo, o modo como iria usufruir do meu próprio ócio. Foi tentando estruturar o meu tempo livre que me perguntei o motivo pelo qual eu estava estruturando meu tempo livre. Por que sentimos culpa por não estar fazendo nada? Em que momento da história foi acordado que o descanso tem que ser produtivo? Tem até um termo para esse estranho fenômeno: “produtividade tóxica”. Uma pesquisa rápida online te informa algumas de suas características: a pessoa se sente culpada por não estar sempre produtiva; a pessoa se sente obrigada a fazer algo o tempo todo, mesmo em situações que não exigem uma resposta imediata; a pessoa tem dificuldade em estabelecer limites entre o trabalho e o lazer. Basta jogar esse termo no google que você pode ver mais alguns de seus “sintomas”. E tem mais, a pressão de ser produtivo o tempo todo em detrimento da saúde pode, inclusive, levar ao desenvolvimento de doenças como ansiedade ou depressão, por exemplo. Estamos chegando (ou já chegamos?) ao ponto de medir o nosso valor pela nossa produtividade. Se o descanso tem que ser otimizado, produtivo, agendado ou cronometrado, algo não está certo. Quanto às minhas férias? Bom, eu passei uma parte delas tentando organizá-las, preenchendo com atividades e metas. Na outra parte, desisti de tentar controlar tudo. Redescobri a delícia de passar um dia sem olhar o planner ou de passar uma tarde de bobeira. Sem sentir culpa! Ora, eu mereci esses dias! Talvez não fazer nada é simplesmente tudo o que precisamos para lembrar que a nossa vida não se resume a uma planilha de rendimento ou a uma grade de horários, e que existir nesse mundo caótico já é, por si só, suficiente. 


Ps: As férias já acabaram e eu fiquei mal acostumada. Quero mais.


Comments


bottom of page